Marcelino Freire, um pernabucando porreta que dá "gostio" de ler.


Outro autor que vale à pena ler é: Marcelino Feire, pernambucano porreta, arretado, que mora em São Paulo desde os 23 anos, onde ele se sente terrivelmente estrangeiro. Ele, por ser de fora, preferiu o olhar dos pernabucanos e dos nordestinos sobreviventes do grande caos que é São Paulo. Incorporando as suas personagens em primeira pessoa, como quem não escreve mas atua em cima do palco, a sua narrativa é uma espécie de dialeto nordestino misturado com o dialéto paulista e paulistano, carregada de palavrões, repetições, num ritmo perfeitamente poético, que faz dele não um jornalista urbano, mas um estéta da pobreza, da miséria e da exclusão social.

Sobre a sua estética, diz Cláudia Fabiana no Sararau: “Seus Contos Negreiros” me prenderam desde o primeiro instante, levei-os para a sala de aula, para as rodas com amigos, e a cada leitura crescia o impacto da linguagem direta, da pontuação cotidiana, do silêncio significante. Como pequenos socos no estômago que, em uma sequência permanente, machucam pra valer, os contos são curtos, grossos e cantam em tom irônico-mordaz histórias de um Brasil nada heróico.

Agraciado com o prêmio Jabuti, com o seu livro de contos “Contos Negreiros”, publicado pela Record, vem alcançando sucesso de público e é claro, de crítica; ganhando grande destaque na cena literária brasileira atual. Além dos seus livros “Angu de Sangue”, Balé Ralé” e “Racif - Mar que Arrebenta”, ele aparece em antologias de autores como nos livros “Geração 90″ e os “Transgressores”. Ainda, é o organizador da antologia “Os Cem Menores Contos Brasileiros”.

Tem 41 anos de idade, e não perde tempo. Quanse não para em casa, vive “passeando”, como dizem os amigos, envolvido em realizações de projetos literários, como a “Coleção 5 Minutinhos”, onde ele inaugurou o selo eraOdito. É organizador do “Balada Literária”, evento já em sua terceira edição.

Sobre o seu terceiro trabalho enquanto escritor - o primeiro é o de escrever, o segundo, o de conseguir uma editora, e o terceiro, é divulgar-se - diz ele, no site JB online: “é preciso sair do casulo, lançar mãos à obra. Atrás de leitor, o escritor pernambucano vai, jura, até a velório, se o chamarem – porque, em tempos de “celular que apita, toca, fotografa, faz a barba”, o jeito é batalhar a atenção do público, custe o que custar.”

* é um dos editores da PS: SP, revista de prosa e mantém um blog: eraOdito.

Veja a entrevista de Marcelino Freire no Encontros de Interrogação:

Glauber da Rocha.

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